segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Pierre Lévy profere aula inaugural na PUC em Porto Alegre

Foto: Fernando Cibelli de Castro

Um dos mais influentes pensadores da cibercultura,Pierre Lévy, proferiu a aula inaugural do segundo semestre de 2009 do Programa de Pós-graduação em Comunicação da PUC-RS, nesta segunda-feira, 24 de agosto. Siga aqui algumas contrbuições de integrantes do GEPETEC sobre o que Lévy anda dizendo sobre o espaço cibernético e as inteligências coletivas. Fernando Cibelli de Castro


"Quando eu escrevi em 1994 sobre o que seria web me chamaram de louco. Estamos na pré-história da inteligência coletiva. Nada aconteceu ainda”.
“Há uma inteligência coletiva das formigas e das abelhas, mas uma formiga ou uma abelha sozinha não é nada. No entanto, um formigueiro ou uma colmeia conseguem resolver problemas complexos. O que é inteligente no cérebro não é um neurônio, mas o conjunto dessas células interconectado em plena atividade”.
“A evolução cultural nos leva à evolução da técnica. A humanidade é cada vez mais capaz de produzir tecnologia na medida em que evolui. Para tanto temos de entender a evolução da cultura humana, das mídias. A comunicação ocorre por meio de símbolos, palavras escritas, linguagens diversas, notas musicais. O motor principal da evolução é a capacidade de manipular signos”.
“Todos os documentos da internet formam o banco de dados único do espaço cibernético”.
“A internet como espaço público tem apenas 15 anos. Nas novas gerações ela vai produzir novas instituições políticas, econômicas e novos sistemas de linguagem. O gargalo da mídia tradicional não existe mais que era a velha forma de relação entre emissor e receptor. Todo mundo pode emitir, receber, criticar, ser autor ou escritor, veicular imagens e músicas. Todos são bibliotecários de seus bancos de dados”.
“Não se pode entrar na rede sem compreender que ela é capaz de gerar uma nova moda a cada 15 dias”.
“Apesar de tudo há uma limitação para a inteligência coletiva. Eu falo, leio e escrevo em francês. Comunico também em inglês. Não falo português, mas entendo um pouco o que ouço e um pouco mais o que leio. Mas não entendo nada de chinês que é uma língua que representa mais de um bilhão de pessoas. Eu acesso a internet todos os dias e cada vez tem mais blog escrito na China. As linguagens não foram desenvolvidas para serem processadas automaticamente”.
“Na web semântica, as linguagens serão processadas automaticamente e compreendidas por qualquer pessoa independentemente da língua que fala. Essa será a evolução a partir de 2015”.

Pierre Lévy por Eduardo Ritter

- Em relação a publicação de seu livro “A inteligência coletiva”, em 1994, ele considera que hoje a inteligência coletiva é mais compreendida, no entanto, ainda estamos na pré-histórica dessa idéia.

- Após apresentar algumas das evoluções tecnológicas que marcaram a evolução da história humana (cultura oral, escrita, alfabeto, meios e ciberespaço) ele salientou um aspecto importante para ser pensado até nas relações de poder entre os países: quanto mais poderoso for esse país tecnologicamente, mais poderosa será a sua sociedade.
- Em escala digital, ainda não digerimos essa evolução, principalmente se pensarmos na idéia de manipulação simbólica. Para Levy, nas próximas gerações, devido a continuidade dessa evolução, inventaremos novas instituições políticas, econômicas e lingüísticas para explorar essas novas possibilidades.
- Por fim, outro ponto importante é que quanto mais condições de desenvolvimento dada para os indivíduos, como educação, condições de saúde, etc, mais capacidade haverá para o desenvolvimento coletivo e reflexivo.
Saindo da fala do Levy, pensando em termos de Brasil, esse último item mostra que estamos há anos-luz de outros países...

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